UM BURRO TIROU O HUGO ALMEIDA
.
.
I AM, ... I KNOW I AM, ... THEREFORE I AM, ... AT LEAST I THINK I MUST BE ... I THINK !
Até que enfim, Dr Rui Rio, até que enfim que o ouço a defender a sério as gentes do Norte.
Ao ouvi-lo, fiquei com a impressão de que o nosso líder chegou por fim.
Só espero vê-lo na linha da frente da defesa dos nossos direitos e à nossa frente, comandando-nos, na nossa anunciada revolta, mesmo que o seu partido se entenda com o ainda nosso Primeiro e acabe por não votar favoravelmente a revogação da Lei dos Chips.
.
No Aventar
.
A srª Maria tem formação em economia e é CEO de um banco, e o sr Manuel foi Ministro das Finanças e é uma pessoa muito importante num partido político, ambos da África do Sul.
A srª Maria é uma das mulheres mais influentes do Mundo, segundo uma revista importante, a Fortune. Diz-se por lá até, que é a nona mulher mais influente do planeta.
Para esta crónica o sr Manuel deixa aqui de ter interesse. Não é Português nem nasceu em Portugal. É uma pessoa que não nos diz nada seja a que título for. As suas relações sanguíneas e familiares com o nosso País, são nulas. Só foi aqui falado pelo peculiar nome, que faria lembrar um qualquer ancestral lusitano, e pelo seu casamento com a srª Maria
Para esta crónica a srª Maria continua a ter interesse. Não é Portuguesa mas nasceu em Portugal, na capital do que um dia foi um Império.
Mas a revista Fortune, diz que a srª é Portuguesa, e terá alguma razão. A srª Maria nasceu como tal, nos idos de 59. Logo depois rumou às Áfricas, as então Portuguesas e aquela onde agora vive. Naquele tempo, muitos foram os Portugueses que, com as suas famílias, se mudaram com armas e bagagens para as nossas ex-colónias.
Pensava eu, até agora, que uma pessoa que nascesse Portuguesa, sempre seria Portuguesa. Mas a srª objecto desta crónica, pensa de maneira diferente. Lá terá as suas razões, e as razões de cada um, são com cada qual. E, convenhamos, ninguém terá seja o que for a ver com isso.
Ora, a srª Maria, em determinada ocasião da sua visa, naturalizou-se Sul-Africana, o que por aí, nenhum mal poderá advir ao mundo. E porque se naturalizou, e porque assim o entende, diz-se Sul-Africana naturalizada, e não Portuguesa, recusando-se inclusivamente a falar das suas origens. Não sei se alguma vez se terá recusado a falar Português, mas isso nem é muito relevante neste momento.
Mas porque falo eu da srª Maria e do seu marido, o sr Manuel?
As razões são simples. Neste fim de semana deu-me para ler uma revista onde, assinado pela srª Pratícia Viegas, se encontrava um artigo sobre esta srª.
Ao tentar ler nas entrelinhas, adivinhei um certo gáudio da jornalista em revelar que tal personagem era Portuguesa, ao mesmo tempo que indicava que o banco do qual é CEO era o principal patrocinador da selecção de futebol Sul-Africana, os Bafana-bafana. Os tais que usam por todo o lado as vuvuzelas, e que nós queremos imitar no campeonato do mundo, usando-as também. Esse gáudio traduzia-se no orgulho de ter mais uma Portuguesa entre as pessoas mais importantes do mundo, muito embora essa Portuguesa estivesse zangada com o seu País.
Mas porquê esse orgulho todo? Teremos, nós Portugueses, necessidade de mendigar algum reconhecimento e importância, publicitando algo que nem sequer é verdadeiramente verdadeiro. Ser-se Português é algo mais que nascer
Qual a importância que tem para os Portugueses, o saberem da existência de tal srª? Que nos importará que essa mulher, seja assim tão importante? Ninguém a conhece por aqui, e ela não deseja vir a ser reconhecida como nossa compatriota. Até poderia entender um artigo a zurzir na srª, mas … ela é Sul-Africana e o que quer que seja que lhe diga respeito, só terá interesse para os seus concidadãos.
Lamento, mas não tenho qualquer orgulho em saber de uma ex-Portuguesa que, não tendo orgulho em alguma vez o ter sido, esconde as suas origens.
Tal como os chapéus, Portugueses há muitos, espalhados pelos quatro cantos do mundo, uns com mais importância e outros com menos, mas cheios de orgulho da Pátria Portuguesa, sua palerma!
.
Logo depois da revolução, e numa época de luta geral contra o que estava mal no nosso País, um poeta escreveu que não havia machado que cortasse a raiz ao pensamento. Durante décadas, a luta e o pensamento correram livres. Sucederam-se os governos, as reformas e as lutas, e ao fim de trinta e tal anos chegamos aos dias de hoje.
E, nos dias de hoje, que vamos encontrar de diferente? Que ganhamos nós com a luta, os pensamentos e as reformas, para além de acabarmos por ter um governo como o que actualmente nos desgoverna?
.
Podemos falar livremente e por isso podemos ofender e insultar sem que nada de grave nos aconteça.
Podemos roubar livremente, desde que sejam valores obscenamente avultados, que se for um pão ou uma maçã, vamos para a cadeia.
Aos dezasseis anos, uma adolescente pode fazer livremente um aborto, mas não pode decidir colocar um piercing.
Aos dezoito anos um, agora adulto, recebe duzentos euros de subsídio do Estado, podendo assim continuar a não trabalhar, mas um idoso recebe de reforma duzentos e trinta e seis euros depois de uma vida inteira de trabalho.
Os professores são diariamente enxovalhados, insultados, e até sovados pelos alunos, mas o nosso governo desculpabiliza a situação imputando as culpas a causas sociais.
É proibido consumir drogas nas prisões do nosso País, mas são distribuídas todos os dias, seringas para controlar o HIV.
Se um jovem de quatorze anos matar alguém, nada lhe pode acontecer pois não tem idade para ir a tribunal, mas se o mesmo jovem levar uma bofetada do pai por ter roubado dinheiro ou por outra qualquer razão, tal é considerado violência doméstica, e o paizinho pagará por isso.
Se a uma família acontecer uma desgraça e ficar sem casa, tem de se socorrer de amigos ou amizades, se os tiver, ou viver conforme possa, muitas das vezes ao relento ou em bairros de lata, já que o Estado não tem dinheiro para lhe fazer uma nova. Mas se seis energúmenos estiverem presos numa cela que foi inicialmente projectada para quatro deles, sem terem , coitados, quarto de banho privado, a Associação dos Direitos Humanos faz queixa da situação ao Tribunal Europeu.
Se uma criança estiver a trabalhar numa qualquer fábrica antes de ter, oficialmente, idade para tal, isso é considerado exploração do trabalho infantil, passível de prisão, mas se por outro lado o trabalho for, a participação em gravações de telenovelas ou em concursos televisivos, é o talento que está a ser aproveitado, mesmo que trabalhe oito horas por dia, ou mais.
Se precisarmos de uma seringa para ministrar uma injecção, vamos a uma farmácia e pagamos o que nos pedirem, mas, se fossemos drogados, não pagávamos nada.
Se se for homossexual, quereremos e poderemos casar, mas se formos heterossexuais, limitamo-nos a juntar os trapinhos, que a vida não está para brincadeiras.
.
Muitos outros exemplos se poderiam dar. Correm diariamente pela internet, textos, a denunciar situações de bradar aos céus, mas como é habitual em nós, nada fazemos, e enquanto nada nos acontecer directamente, olhamos para o lado e assobiamos a disfarçar.
Terá sido para isto, e muito mais do género, que alguns fizeram uma revolução, outros a continuaram, e a quase totalidade apoiou?
.
Infelizmente parece que ainda não fizeram um machado que acabe por cortar a raiz à árvore em que nos obrigam a viver.
.
EXPOSIÇÃO
“FOTOGRAFIA
E
PALAVRAS”
Café Santa Cruz
Praça 8 de Maio
Coimbra
.
Χαρακτηριστικά
属性