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TÁXIS PARADOS
TÁXIS PARADOS
Imagem Internet
Aqui na cidade, a exemplo de mais duas outras no País, os profissionais da indústria dos táxis, pararam.
Juntaram-se aos magotes na Avenidas dos
Aliados, vindos do Castelo do Queijo e de Campanhã, esperaram pelas
resoluções governativas às suas exigências, legítimas por certo (nesta
como noutras situações somos um povo que adora exigir), esperaram pelas
directivas dos seus dirigentes que, também eles, esperavam, assumiram as
razões que lhes assistiam para a greve encetada, e, à hora em que
escrevo estas linhas, no fim do oitavo dia, continuam à espera, e, quem
sabe, desesperam.
Enquanto uns motoristas exigiam que a
Uber e a Cabify, e congéneres, simplesmente acabassem, mandando todos os
seus trabalhadores para o desemprego, exibindo cartazes a isso
alusivos, outros, mais comedidos exigiam (sempre as exigências que nos
caracterizam), simplesmente, os mesmos direitos.
Pelo que dizem os taxistas
entrevistados, e pelo que é o entendimento geral de todos nós, no fundo o
que os taxistas, na sua maioria, exigem oficialmente, é ter os mesmo
direitos que os senhores da Uber e da Cabify.
Ora, digo eu, para termos os mesmos direitos, deveremos também exigir-nos os mesmos deveres.
Assim sendo, o que os taxistas parecem querer é:
– Deixarem de ter isenção de 70% no valor do ISV
– Deixarem de ter isenção de IUC
– Passarem a ter 5% de contribuição sobre a Taxa de Intermediação.
– Passarem a deixar de ter dedução de IVA relativo a despesas com as viaturas.
– Deixarem de poder deduzir o valor do IVA do gasóleo.
– Deixarem de ter apoio específico na compra de carros eléctricos.
– Passarem a não poder operar com veículos de idade superior a 7 anos.
– Deixarem de ter contingentação (poder haver quantos táxis lhes apetecer).
– Poderem praticar preço livre.
– Deixarem de ter estacionamento dedicado.
– Deixarem de ter acesso à via Bus.
– Só poderem conduzir 10 horas por dia.
– Não poderem mostrar publicidade no interior ou no exterior dos veículos.
– Deixarem de ser um Serviço Público,
ou, na inversa, que os Uber e os Cabify tenham as mesmas mordomias que
eles têm por serem um Serviço Público, passando também eles a sê-lo.
Mas não me parece que seja mesmo isto que a indústria dos Táxis quer!
Julgam, ou julgavam, estes
profissionais, que a má fama de que gozam se não iria repercutir mais
dia menos dia nos seus trabalhos. Enganavam-se todos os dias com um
olhar embevecido para o próprio umbigo.
Julgam, ou julgavam, estes
profissionais, que o País iria parar com a paragem deles, que o País os
aplaudiria e que, solidariamente, deixariam de utilizar os serviços dos
senhores dos Uber e dos Cabify.
Julgam, ou julgavam, estes profissionais, que os dirigentes que nos
governam iriam de imediato em seu socorro, de rabiote entre as pernas,
com receio das represálias da paralisação ou do mais que viesse a
seguir.
Estão, ou estavam, estes profissionais,
enganados, auto-enganados. Os governantes da capital, bem assim como
quaisquer outros, não lhes deram a importância que eles julgavam ter nem
se intimidaram com as exigências que fizeram (até ver, claro, uma vez
que estamos em contagem decrescente para as eleições), o País não parou,
as cidades que tiveram estes manifestantes a bloquear algumas das
principais ruas, não pararam, os Uber e os Cabify terão tido muito mais
trabalho nessas cidades, e as populações não saíram à rua para os
apoiar.
O serviço de Táxi é muito importante e mereceria ser tido como um
serviço de excelência. Em muitos casos são o primeiro rosto visível para
quem nos visita. Infelizmente e devido a muitos exemplos de maus
profissionais (há-os bons e maus em todas as profissões) não é boa a
fama de que vem acompanhado. Algumas atitudes dos profissionais do
sector, que tendem a prejudicar os utentes deste serviço, também não
ajudam a uma reabilitação do sentimento generalizado que se vai sentido
em todo o lado. Devo dizer, no entanto, em abono da verdade, que o que
se passa de negativo, na minha cidade e com este serviço, é, felizmente,
menos grave e menos notório do que dizem que se passa noutras paragens.
Mas não deixa, por isso, de ser mau.
Alguma coisa terá de mudar, e a mudança
terá de vir dos profissionais de Táxis. Terão de mudar de mentalidade,
terão de mudar de atitudes, de qualidade do serviço prestado,
equiparando-se, ou mesmo superiorizando-se aos serviços prestados pelas
outras organizações, se não quiserem morrer de morte lenta e dolorosa.
Não será por certo com proteccionismos e paralisações e exigências que vencerão, tanto a médio como a longo prazo.
(Texto publicado no blog A Viagem dos Argonautas a 27/09/2018)
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