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PORTO
Existem dias de magia nos quais o Douro acorda envolvido em algodão doce como se fosse obra de um certo mago.
Tudo começa na Foz onde o Douro encontra a morte nas águas geladas do Atlântico.
Um misterioso manto branco acinzentado invade, pé ante pé, a superfície da água do rio desde a Foz até aos limites da velhinha Ponte D. Maria.
Ao longo do despertar do dia avança como se possuindo longos e gordos braços pelas diferentes ruas e ruelas da Alfândega, de Massarelos, de Miragaia, da Ribeira. Não sei se não será um verdadeiro espreguiçar.
Qual manto de Noiva a rastejar por debaixo dos tabuleiros das diferentes pontes que invade. Mesmo se a Ponte da Arrábida aparente desaparecer mas é mais por confusão e fusão de cores. Na Ponte D. Luís parece sustentar ambos os tabuleiros dando uma ilusão de suspensão destes no ar, como flutuando à mercê dos seus humores.
Quem olha desde a Serra do Pilar fica hipnotizado. E tentado. Uma tentação diabólica de se atirar para cima dela como se aquela nuvem enganadora fosse uma gigante almofada que nos leve numa viagem sobre a cidade.
Ao olhar para a nossa direita deparamos com a velha senhora, a inolvidável Ponte D. Maria. Até ele, sempre tão atrevido, se curva perante a sua beleza respeitável e pede licença para passar. Sim, o nevoeiro mágico enviado, quiçá, por Merlin, antes tão indiferente às restantes obras de arte passando por debaixo delas sem pestanejar abranda junto à D. Maria e respeitosamente a cumprimenta e lhe solicita autorização. Por vezes a demora é tal que logo o Rei Sol o impele e o reduz a uma injusta insignificância.
No meu Porto há dias assim.
Tudo começa na Foz onde o Douro encontra a morte nas águas geladas do Atlântico.
Um misterioso manto branco acinzentado invade, pé ante pé, a superfície da água do rio desde a Foz até aos limites da velhinha Ponte D. Maria.
Ao longo do despertar do dia avança como se possuindo longos e gordos braços pelas diferentes ruas e ruelas da Alfândega, de Massarelos, de Miragaia, da Ribeira. Não sei se não será um verdadeiro espreguiçar.
Qual manto de Noiva a rastejar por debaixo dos tabuleiros das diferentes pontes que invade. Mesmo se a Ponte da Arrábida aparente desaparecer mas é mais por confusão e fusão de cores. Na Ponte D. Luís parece sustentar ambos os tabuleiros dando uma ilusão de suspensão destes no ar, como flutuando à mercê dos seus humores.
Quem olha desde a Serra do Pilar fica hipnotizado. E tentado. Uma tentação diabólica de se atirar para cima dela como se aquela nuvem enganadora fosse uma gigante almofada que nos leve numa viagem sobre a cidade.
Ao olhar para a nossa direita deparamos com a velha senhora, a inolvidável Ponte D. Maria. Até ele, sempre tão atrevido, se curva perante a sua beleza respeitável e pede licença para passar. Sim, o nevoeiro mágico enviado, quiçá, por Merlin, antes tão indiferente às restantes obras de arte passando por debaixo delas sem pestanejar abranda junto à D. Maria e respeitosamente a cumprimenta e lhe solicita autorização. Por vezes a demora é tal que logo o Rei Sol o impele e o reduz a uma injusta insignificância.
No meu Porto há dias assim.
Texto de Fernando Moreira de Sá
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