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ESTAVA EU DE FÉRIAS E...
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Estava eu no gozo pleno de umas nada merecidas férias, quando o meu amigo Paulo decidiu abandonar o barco. Já num dos dias anteriores o Vítor, outros dos amigos que tenho, tinha decidido o mesmo. Fiquei triste e até, direi, estupefacto. O barco, se bem que com muitos rombos, ainda não tinha afundado, nem estava em vias de.
Mas quando falamos de ratos, é sempre assim, são os primeiros a abandonar o "nabio".
O Vítor já se tinha explicado a quem o quis ouvir, atacando e despejando responsabilidades para o Comandante e outros. O Paulo, inteligente e sagaz, explica-se com a saída do primeiro e com a sua não concordância com a política de substituições praticada a meio do jogo.
O certo é que ficamos quase abandonados à nossa sorte, com todos os chefes máximos de algum do pessoal mínimo a manifestarem o desejo profundo de ajudar a afundar a embarcação, berrando, gesticulando, fazendo comunicações sonolentas e, quase todos, a porem-se em bicos de pés de modo a tentarem que os que realmente importam os vejam. Para além disso, os que ainda aceitam emprestar-nos o graveto para o "pitrol" começaram a subir as taxas de juro, enquanto as acções cotadas em bolsa descem num trambolhão digno de registo.
Entretanto o Comandante que aceitara a fuga do Vítor (que no meio do mar é cuspido por tudo quanto é peixe), diz não aceitar a de Paulo, e puxa-o para bordo, numa cena caricata digna de desenhos animados da célebre doninha fedorenta.
Paulo, fazendo jus à sua inteligência e sagacidade (o que nunca se poderia dizer de Pedro), faz uma fita, bate com os pés no chão, berra um poucochinho, gesticula, ajeita a melena curta, coloca o seu sorriso matreiro (símbolo de oportunismo ou, dirão outros, de sentido de oportunidade), e diz-lhe que até aceita não deixar o barco afundar, mas que quer mais poderes para os seus apaniguados e porventura para ele próprio. E começam a conversar os dois, Pedro e Paulo (com a hipótese de o Paulo se deixar trazer para o barquito, bem clara na postura física de ambos), lado a lado, como bons amigos que nunca o foram.
Os arautos da desgraça do nosso navio, descem a terreiro e continuam a falar alto, e um até começa um aparvalhado périplo pelas cidades da Europa, a ver se ganha alguma credibilidade. Mas tudo é em vão. Nada conseguirão que os acalme.
De uma forma ou de outra, as notícias atropelam-se, sendo que tudo pode vir a acontecer, desde a saída definitiva de Paulo, à sua permanência numa outra pasta, por exemplo na da Economia, passando pelo reforço do número de elementos no Governo afectos ao PP, ou pelo descalabro, imposto pelo Presidente.
De uma forma ou de outra, as notícias atropelam-se, sendo que tudo pode vir a acontecer, desde a saída definitiva de Paulo, à sua permanência numa outra pasta, por exemplo na da Economia, passando pelo reforço do número de elementos no Governo afectos ao PP, ou pelo descalabro, imposto pelo Presidente.
Talvez que isto se componha, talvez que apareça alguém que seja capaz, talvez que um dia, eu acredite na seriedade e competência de quem nos governa o barco. Talvez!
O nosso navio está mal comandado, muito foi feito mal e o pouco que se fez de bem foi realmente muito pouco, mas muitos dos que contestam esse comando querem tão somente mandar, trocar de lugar com quem manda nesta altura, mesmo que isso represente de uma vez por todas uma igualdade ao navio grego e o descalabro total.
No entretanto, e como estou de férias, embora como disse muito pouco merecidas, vou deliciando os olhos, enquanto posso, na maravilhosa Elle MacPherson que aos 49 anos faz roer de inveja muitas pessoas e não tem ninguém a seu lado a abandonar o navio.
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