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UM
PAÍS DE GENTE EXIGENTE
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Ao
longo destes últimos muitos anos, quase quarenta, deixamos de pedir, o que era uma vergonha que nos maculava, e passamos a
exigir, o que passou a ser um direito que nos assiste até aos dias de hoje.
Toda
a gente exige.
Ninguém
conversa ou tenta chegar a consensos, exige-se.
Nos últimos
tempos as exigências têm subido de tom. Tudo se exige, todos exigem, cada um é
dono da verdade e por isso, manda, ordena, exige.
Muitas
das exigências são correctas, devem ser exigidas em consensos e trabalhos
conjuntos, outras são meros aproveitamentos políticos. Muitos dos que exigem
nem fazem ideia do que estão a dizer e a exigir, antes exigem porque lhes
disseram que a contestação passa pela exigência, e que a sua liberdade de
exigir é que manda e mais ordena, esquecendo-se de que essa liberdade termina
onde começar a liberdade do outro.
Exigem-se
menos horas de trabalho, exigem-se maiores salários, exige-se que o povo, o
outro que não aquele que já o faz, se revolte, exige-se que se trabalhe como eu
quero, exige-se que este ou aquele esteja à altura das suas responsabilidades
(desde que essa altura seja aquela que eu entendo como a certa), exige-se
dinheiro com menos custos, exige-se melhor educação (desde que essa educação
seja aquela que eu entendo como certa), exige-se trabalho e respectivo salário
mesmo que não haja onde trabalhar nem dinheiro para o pagar, exige-se
estabilidade política, exige-se conhecimento, exige-se que aquele que manda
saia do seu poleiro se por ventura não pertencer à minha cor política, exige-se
tudo e mais alguma coisa, desde que se nada seja exigido de volta quando as respectivas exigências surtirem
efeito.
Num
País de tanta gente que tanto exige, como é possível sermos comandados, a todos
os níveis, desde o chefe máximo do pessoal mínimo, ao chefe máximo do pessoal máximo,
por tanta gente incompetente?
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