Cultura ao ar livre
Um
pouco antes das nove horas da noite do dia 6 de Setembro deste ano de
2013, saí de casa depois de ter jantado. Dirigi-me para o centro da
cidade. Estranhamente, ou talvez não, foi difícil arranjar lugar para
estacionar. Depois de algumas voltas dei com um lugar já um pouco longe
da Avenida dos Aliados, que era o meu destino. Ao longo dos minutos que
levei a andar até chegar, fui vendo cada vez mais gente a pé, indo na
mesma direcção que eu.
Faltavam três minutos para as nove e meia quando a Avenida se me deparou. Cheia de luz e, cheia de gente.
A
Câmara do Porto e a Casa da Música apresentavam um concerto único de
Jazz com a Orquestra de Jazz de Matosinhos e o guitarrista Kurt
Rosenwinkel.
Com algum cuidado lá me fui aproximando do palco. Um mar de gente sentada no chão, impediram que ficasse a menos de 50 metros.
E o concerto ao ar livre começou e avançou e entusiasmou.
Kurt
Rosenwinkel, em parceria com a Orquestra de Jazz de Matosinhos, uma das
mais conceituadas do nosso País, editou um disco que apresentou ao
vivo. No geral muito bom, alguns dos trechos eram mesmo excelentes.
Pouco
importa se o Jazz tocado fazia parte das minhas preferências auditivas,
mas pelo que vi, fazia-o certamente de uma grande quantidade de gente.
A
cultura, que alguns, poucos e sempre os mesmos, repetem ad nauseam não
existir na cidade do Porto, culpando o Presidente Rui Rio à conta da sua
política de subsídios, desceu à rua na minha cidade.
A
nossa Avenida, que depois de muitos anos com jardins floridos e
magníficos no seu traçado, se acinzentou e modernizou por obra e graça
do risco arquitectónico de Siza e a complacência, muito criticada na
altura, do nosso, ainda, Presidente da Câmara, reganhou vida, com tanta
gente ávida de tudo o que por ali se passa, de todos os eventos que vão
acontecendo ciclicamente desde há alguns anos, ganhou charme e estilo e
está transformada de uma vez por todas no que sempre foi e nunca deveria
ter deixado de ser, a nossa sala de visitas por excelência.
Não
pertencendo ao governo ou a um qualquer sindicato ou partido político,
não consigo saber, com os conhecimentos e as certezas que eles têm
apesar de nunca acertarem nos números uns dos outros, qual o número de
pessoas que estavam na Avenida dos Aliados durante o concerto, mas,
dizendo-o à moda da minha cidade, e com a licença da palavra, estava
gente “comó carago”.
No sábado, voltei à Avenida. Foi ainda mais difícil estacionar. Fiquei ainda mais longe.
Desta
vez era a excelente Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música que
apresentava, também em concerto único, trechos de Música Clássica.
Excertos
de obras de Beethoven, Mendelssohn, Puccini, Rossini, Verdi e Cláudio
Carneyro (compositor Portuense 1895-1963) e a voz do tenor Carlos
Cardoso, passaram pelos meus ouvidos, provocando-me uma mistura de
sentimentos e sensações há muito não experimentadas. Realmente, um
concerto ao vivo e ao ar livre é diferente, entusiasmante e até,
acolhedor.
De
novo, os presentes eram mais que muitos, se possível muitos mais do que
tinham sido na sexta-feira. Parecia uma noite de São João, com tanta
gente junta.
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E
porque falei em música, nos últimos meses, nos meses de Junho, Julho,
Agosto, as tardes de domingo tiveram banda sonora em ambiente
descontraído, até ao pôr-do-sol. Esteve de volta o Porto Sunday Sessions
e, com ele, mais de 50 horas de música para aproveitar, sempre aos
domingos, às 4h da tarde, prolongando-se até às 8h..
Alguns
dos nomes mais badalados da música portuguesa da actualidade mostraram o
DJ que havia dentro deles. Começou no dia 23 de Junho, no Parque da
Cidade, com Salto e The Weatherman.
Em
Julho o Porto Sunday Sessions seguiu para o Jardim do Passeio Alegre. E
em Agosto instalou-se no Jardim de São Lázaro, o mais antigo jardim
municipal da Invicta.
Em Setembro a música regressou já ao Parque da Cidade, a 1 e a 8.
Nos
próximos Domingos 15, 22 e 29, ainda pode aproveitar, há música para
quase todas as idades, em ambiente descontraído, com gente bonita, bem
disposta e em completo “relax”.
A festa da cultura na cidade, na minha cidade, vale a pena ser vivida.
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