segunda-feira, 23 de agosto de 2010

INDA LEBAS NO FOCINHO

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NUM TÁS CALADINHO? VAIS LEBAR NO FOCINHO
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Foi assim, oferecendo pancada, com toda esta ligeireza e a boa educação que se verifica, que um grupo de militares ou ex-militares ou qualquer coisa militar e/ou reformados falou, e ameaçou o escritor António Lobo Antunes, que por razões de segurança não apareceu onde era esperado no fim de semana. O escritor ficou com receio de levar uns sopapos de um grupo de gajos valentes que se querem juntar para irem ao focinho a um outro gajo que está sozinho e se limita a dizer o que pensa.
Tenho de começar por dizer que gosto muito de ler Lobo Antunes, a quem não tenho o prazer de conhecer.
Devo acrescentar que, a exemplo da maior parte da população masculina nascida até ao começo da segunda metade do século vinte, exceptuando claro os refractários e os desertores que na sua maioria são hoje heróis, fiz a tropa. Para além de a ter feito, pertenço ao grupo dos militares que, em serviço, tiveram acidentes e ficaram com alguma deficiência.
A notícia vem no Expresso. Nela, na notícia, dizem que ficamos também a saber quais os termos em que os ditos militares se dirigiram ao escritor. Parece que lhe chamaram "bandalho" e "atrasado mental", e apesar disso quererão processá-lo por injúrias e difamação (?!?!?!)
Ouvida a notícia, que a não li, oferece-me dizer que não conheço os militares, conheço o que todos conhecemos do escritor, ouvi ainda falar de outros termos nada abonatórios que os ditos militares usaram para se dirigirem a Lobo Antunes, e não sei o que terá dito o homem de tão grave para merecer tão inusitada reacção. Pelo que ouvi, não acredito minimamente que os actos que ele parece ter relatado tenham alguma veracidade, mas sei que ao terem esta atitude, os senhores reformados, ou lá o que sejam estes militares, perderam toda a razão e colocaram toda a gente do lado de lá da barricada que construíram.

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