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A MENSAGEM DE ANO NOVO DO SENHOR PRESIDENTE (2012).
Tenho andado arredado destas tricas políticas. Não me tem apetecido ouvir as mesmas coisas interpretadas de muitas maneiras diferentes, todas elas carregadas das razões que assistem a quem as faz. Mas desta vez, até porque os meus companheiros de ocasião assim o pretendiam, lá ouvi com a atenção possível, o senhor Presidente.
Até nem foi um discurso muito longo, pelo que nem me custou assim tanto estar atento. As mesmas palavras, a mesma maneira de falar, o mesmo olhar, o mesmo tom de voz. Tudo igual a tantas outras vezes. De diferente, se é que o foi este conjunto de recados ao governo, a ideia da necessidade de uma agenda para o crescimento da economia e do emprego como via para resolver a crise. Ideia que, nas palavras do senhor Presidente, deveria ser aproveitada pelos outros países da UE, mandatando o governo, através do discurso, para implementar e defender tal ideia.
Eu não gosto muito de recados e ainda menos se forem dados publicamente, quando verifico que foi esquecido por quem os manda, o tempo em que teve funções executivas e as responsabilidades que lhe caberão na situação actual, desde as do tempo em que exerceu funções de líder do governo até às do tempo em que, antecipando o desastre que se adivinhava, não demitiu o governo anterior talvez por causa da sua própria agenda que tinha marcada uma reeleição a curto prazo.
Será fácil mandar umas bocas para o ar, com um ar quase benevolente, sendo mais difícil actuar em conformidade.
O senhor Presidente não é má pessoa, longe disso, mas pensa que o povinho não tem memória.
Ainda sobre este discurso, gostaria de o ter ouvido falar dos que andam a prejudicar o esforço do governo, mas sobre o assunto, nem uma palavrinha, pequenina que fosse. Estou referir-me, entre outros, ao caso dos maquinistas da CP. É para mim inadmissível que os sindicatos que promovem as atitudes a que todos assistimos, não sejam postos na ordem. Convém não esquecer que a CP é uma empresa falida e que cada dia de greve se traduz em prejuízos enormes para acrescer aos que a empresa já tem, isto para não falar dos incomensoráveis prejuízos dos utentes, que são o elo mais fraco desta equação. Mais valia que acabassem com esta empresa e fizessem outra, de raiz, a ver se algo mudava para melhor. Mas o senhor Presidente sobre isto disse nada.
Se o Presidente ficou àquem do que eu esperava, os partidos que comentaram o seu discurso foram além.
Como de costume, fiquei com a sensação de que a língua "Protuguesa" é muito difícil de ser entendida. Talvez por força do acordo ortográfico tenha ficado ainda mais inintelegível.
Se para alguns dirigentes dos partidos e/ou sindicatos, o discurso do Presidente foi claro e estão de acordo com ele no essencial, sendo que sempre disseram isso mesmo (PS, PSD, CDS) e por isso o governo está no bom caminho (PSD, CDS), ou deverá mudar já que sempre dissemos o que o governo não quer ver e por isso está cada vez mais isolado (PS), para outros, da ala esquerda ou esquerdista, acham que o discurso do Presidente não é coerente, que deveria ter dito o que não disse, e que os pacotes de austeridade não tiram o País da crise em que está atolado.
Ora, se eu não entendi bem o discurso do senhor Presidente, se os dirigentes da esfera governamental entenderam de uma forma e os de fora dessa esfera entenderam de outra completamente oposta, sendo que as palavras foram exactamente as mesmas, então esta droga ainda está pior do que eu pensava, ou, o que deve ser uma verdade muito verdadeira, eu não percebo mesmo nada disto, e é certo que não tenho agenda, seja ela política ou outra para me guiar as palavras e o entendimento, pelo que vou mais uma vez, fazer um larguíssimo interregno e deixar de os ouvir, seja de um lado da barricada seja do outro.
Talvez que para o próximo ano já não existamos, e assim o senhor Presidente não tenha precisão de nos falar outra vez.
No Aventar
No Aventar
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