quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

AJJ - O SENHOR JARDIM, DA MADEIRA

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O BURACO ORÇAMENTAL
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Visitei pela primeira vez a ilha da Madeira no ano de 1976, no verão, em pleno Agosto, e durante doze anos fui visita assídua do arquipélago. Várias vezes por ano lá aportava e, entre Agosto e Setembro de cada ano, lá passava eu e a minha família perto de um mês na praia, no Porto Santo, o que me permitiu conhecer como poucos a ilha dourada e razoavelmente a ilha da Madeira. Depois, e durante os vinte e poucos anos seguintes, acompanhei a vida do arquipélago através dos mesmos familiares e das notícias que lia e ouvia, mas com poucas viagens feitas. A minha última viagem foi feita em Abril do ano passado.
Durante os trinta e cinco anos que passaram desde a minha primeira vez, ouvi de tudo sobre o arquipélago, sobre as suas gentes e em especial sobre o seu Presidente. O sr Jardim, da Madeira.
Durante esses anos foi sendo construída aqui no continente uma imagem negativa do nível de vida das ilhas e da capacidade intelectual das gentes da Madeira, e acima de tudo da competência e da honestidade do Presidente do governo Regional e dos membros do seu governo.
Quando conheci as ilhas, estas tinham um nível de desenvolvimento fraco e provinciano. Vindo eu da segunda maior cidade do País, via que a esse nível pouco as diferençava das cidades limítrofes da minha e se calhar nem mesmo da minha. Lá como cá, o País era Lisboa, a capital o Estoril, e o resto era paisagem. Naquela altura nem o Algarve tinha ainda ganho mais um “L” para o internacionalizar e por essa razão não era ainda o País anglo-germânico que hoje é.
Com o passar dos anos vi a regionalização a ser implementada, as obras públicas a acontecerem com as estradas novas e os “furados” a rasgarem a terra, o crescimento do aeroporto, a criação da Zona Franca, o incremento do turismo de qualidade, e de um modo geral o grande desenvolvimento daquela parte de Portugal.

Corrupção, compadrio, favores, cunhas, e outras coisas do género, por certo que as houve e há, mas não mais do que em todo o Portugal de uma ponta à outra. Quem as pratica ou praticou, terá de ser apanhado, julgado e condenado, seja em que parte do País estiver, mas não o deverá ser na praça pública nem ao sabor dos ventos dos opositores políticos da governação vigente.
A par da campanha negativa dos meios de comunicação continentais e dos políticos da nossa praça, a Madeira respondia com obra feita, trabalho e desenvolvimento.
Os dinheiros que eram canalizados para o arquipélago, por ventura semelhantes aos que eram canalizados para os Açores e também aos que ainda iam para as ex-colónias, também não seriam muito diferentes dos que, à escala respectiva, iam sendo canalizados para as autarquias do nosso País. Esses dinheiros, orçamentados anualmente pelo governo nacional (os que eram enviados para as ex-colónias não sei em que rubrica estavam inseridos), eram devidos por lei a cada uma das partes, sendo por elas utilizados conforme os respectivos orçamentos.
Uns utilizavam-nos bem, outros menos bem e outros ainda, muito mal.
Uns deixavam que os seus dinheiros fossem desbaratados sabe-se lá em quê (se calhar a maior parte), outros deixavam que dinheiros que lhes eram devidos fossem desviados para a capital (Porto e Região Norte do País), e outros como a Madeira, aplicavam-nos em prol do desenvolvimento da Região e exigiam continuada e ferozmente o que de direito e por lei lhes era devido.
No entanto, como diz o ditado, em todo o bom pano pode cair a nódoa. E ela pareceu ter caído no bordado Madeirense.
Descobriu-se um buraco financeiro de muitos milhões de euros. A dívida da Região ascendia a mais de seis mil e quinhentos milhões de euros. Na Madeira, seguindo o exemplo dado a todo o País pelo governo de Portugal durante uma década, ou mais, tinham sido gastos mais milhões do que aqueles que lhes eram devidos e que o bom senso aconselharia.
Ups, que chatice! Logo agora que no continente também tinham descoberto uns buracos e até se tinham feito uns acordos para que nos emprestassem uns trocados para os tapar.
Ainda por cima, o sr Presidente do Governo Regional teria escondido o caso da opinião pública, quiçá dos governantes do País, muito ao contrário do que o Governo da República tinha feito. Só que o Governo da República só o tinha feito quando a isso foi obrigado, fruto de um arrear dos panos das velas imposto pela Europa da sra Merkel e do sr Sarkosy. É que esta coisa de ter telhados de vidro é uma chatice.
De acordo com as explicações dadas na devida altura, o sr Jardim da Madeira decidiu aumentar a dívida do arquipélago para evitar que a Região parasse, destacando que esta "tem património, tem activos. Não comeu nem bebeu o dinheiro. Não gastou em subsídios. Não está como as empresas públicas, que só têm coisas velhas no seu património".
Entretanto a opinião pública continental, controlada pela área esquerdista do espectro político que tinha a cobertura total dos Media, dava como certo que os milhões do buraco descoberto eram tantos, que até pareciam mais milhões do que eram na realidade.
Tantos milhões, mas tantos, que até parecia que se estava a falar do BPN.
Tantos, que fariam esquecer as fraudes e os negócios onde peixes e automóveis e relógios e canetas eram moeda de troca.
Tantos, que parecia que nunca se tinha visto semelhante em parte alguma de Portugal.
Tantos, que parecia que eram mais do que os que o governo da República devia à Região.
Tantos milhões, mas tantos, que fariam esquecer todos os outros buracos que o País tem.
Tantos, que fariam com que esquecêssemos os que o anterior Primeiro-ministro de Portugal nos legou (como dívida do País, que todos vamos ter de pagar com língua de palmo).
Tantos, que iriam calar para todo o sempre o palavroso e odiado sr Jardim da Madeira, nas eleições que se avizinhavam.
Mas nada disso aconteceu, apesar das forças sociais e das forças políticas da ala esquerda marralharem diariamente no assunto.
Nada disso aconteceu porque ninguém esqueceu o caso BPN, nem os robalos, nem as alheiras, nem a Casa Pia, nem os carros de alta cilindrada, nem as dívidas do governo da República a todos quantos são gente, nem as muitas dezenas de milhares de milhões que a Troika nos está a emprestar porque gastamos mais do que tínhamos durante anos seguidos de esbanjamento descontrolado.
Nada disso aconteceu porque apesar de todas as campanhas feitas a nível Nacional para derrotar o sr Jardim da Madeira nas urnas, só conseguiram que a maioria absoluta com que venceu as eleições, ficasse mais reduzida. O sr Jardim da Madeira, aquele desbocado e por vezes até mal educado Presidente do Governo Regional que quando fala mais alto, faz com que os outros políticos mandantes do país se calem, titubeiem e olhem para o lado, continua a ter a confiança do povo da terra dele.
Que verdades saberá o senhor Presidente do Governo Regional para calar tanta gente mandante de cada vez que resolve falar? Uma força assim só parece poder vir de quem tem a razão do seu lado. Digo eu!
Portugal chegou ao fim do ano, inquieto. As medidas de austeridade não têm fim à vista, chegando agora a vez de a Madeira ver serem agravadas para si essas medidas Nacionais. Prevê-se que hoje, 25/01/2012, se assine um acordo, em tudo semelhante ao que o Governo fez com a Troika, entre o Governo Regional e o da República.
A exemplo de muitos Portugueses ignorados em Portugal e reconhecidos no estrangeiro, AJJ, o sr Jardim da Madeira, é amado na sua terra, odiado no continente e considerado no exterior.
Dificilmente haverá em todo o nosso País um governante que tenha pugnado mais pela sua terra, lutando de igual para igual com tudo e com todos de modo a obter os benefícios que necessitava, que o sr Jardim da Madeira. Há uma pessoa de igual quilate, mas é tão-somente o melhor dirigente desportivo nacional, e um dos melhores da Europa e não se tem querido meter nas podridões da política. Ambos têm obra feita, defendem acerrimamente aquilo em que acreditam, a Região num caso e o Clube no outro, acreditam na regionalização e suscitam da parte de mentes deturpadas e infelizes, todas elas politizadas e defensoras de todas as espécies de causas, contra a guerra do Iraque e a favor da independência do Sahara ou do casamento gay, invejas e ataques pessoais e soezes.
É que se houvesse não ouviríamos dizer, como hoje ouvimos, que o Governo de Portugal tira dinheiro que deveria ter sido entregue a certas regiões do país para o aplicar na zona da capital (JN de 19/01/2012). Apesar das muitas queixas, é coisa que se não ouve com frequência na Madeira.
É que se houvesse, não ouviríamos dizer que o Governo quer passar a administração do porto de Leixões, provavelmente o único porto que aumenta a sua produtividade anualmente e dá lucro, para uma administração central, igual às que em todo o território vão acumulando prejuízos (JN de 14/01/2012).
É que se houvesse, nunca o Aeroporto do Porto, o melhor do País e um dos melhores e mais promissores da Europa e até do mundo com mais de seis milhões de passageiros por ano, passaria a ser administrado por quem nada sabe de gestão de aeroportos, pretendendo transferir os lucros gerados ali para outros aeroportos onde façam falta, à imagem do que também querem vir a fazer ao porto de Leixões.
É que se houvesse teríamos de certeza, da mesma forma que têm a maioria dos Madeirenses pelo seu líder, uma honra enorme em ter essa pessoa à frente dos desígnios da nossa Região, a bater o pé aos que na capital do País que um dia foi um Império, nos querem tirar o que por direito é nosso.

*- O autor não escreve segundo o acordo ortográfico

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video "roubado" no blogue Madeirense - Madeira Minha, Vida Madeira Meu País -


No AVENTAR
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3 comentários:

  1. Octávio Camacho, um PORTUGUÊS orgulhosamente MADEIRENSE26 de janeiro de 2012 às 09:25

    Subscrevo completamente ao seu texto pois diz exactamente as coisas como realmente são. Na Madeira ninguém ficou contente como o "buraco" que foi descoberto mas ao contrario da maioria do País, a obra existe e está há vista, umas com pouca utilidade é certo mas elas estão lá. E o resto dos buracos no País onde não vemos nem obras nem onde caiu o dinheiro? Isso sim custa pagar, essa dívida onde ninguém sabe o que aconteceu nem quem meteu a mão nos €€.
    Bem não vale a pena estar a repetir o que já foi bem explicado no texto acima. Os madeirenses responderam e bem nas urnas, quem governou com dinheiro, agora que o faça com pouco.

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  2. Finalmente alguém que diz aquilo que os madeirenses tentam fazer passar. Se me permite irei publicitar o seu post no meu blog.

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