CENTO E QUARENTA E UMA VELAS SE APAGAM HOJE
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No dia 1 de Dezembro de 1868, nasceu o jornal «O Primeiro de Janeiro». Deve o seu nome às manifestações da «Janeirinha». Ao longo da sua vida de muitas dezenas de anos, o diário foi crescendo até se tornar no melhor jornal de Portugal. Era uma referência Nacional. Por lá passaram os mais ilustres intelectuais do nosso País. Atravessou períodos conturbados, como a transição para o regime democrático, acabando por se debater com a mais grave crise da sua história, na década de 1980, quando o seu enorme património foi desbaratado. Hoje, o jornal continua, já sem o seu emblemático edifício na Rua de Santa Catarina, e sem os grandes nomes que o ajudaram a consolidar-se a nível Nacional.
«O Primeiro de Janeiro» é, sempre o foi, o «meu» jornal. Por influência de um primo de quem era amicíssimo, grande jornalista que também colaborou no Norte Desportivo, Emílio Loubet, meu pai sempre o teve em sua casa e o leu religiosamente. Uma das imagens que guardo dele, é a de o ver a meu lado, sentado no autocarro da carreira A, a caminho de casa, lendo o Janeiro, dobrando-o cuidadosamente de modo a não incomodar ninguém. Também aprendi nessa altura, como o dobrar, já que era bem maior do que hoje é.
O meu contacto com o jornal, aconteceu, ainda nem ler sabia, nos domingos de manhã, aconchegado na cama de meus pais, a ver avidamente a banda desenhada de «O Príncipe Valente», «O sr Calisto» e o «Zé do Boné». Quase se poderia dizer que foi com aquelas páginas que comecei a ler. Ao longo da minha vida, o Janeiro foi presença diária e leitura obrigatória. Hoje sinto-me honrado em poder ver algumas linhas minhas publicadas neste «meu» jornal.
Actualmente luta-se, lutamos todos os que de uma forma ou de outra colaboramos com o nosso Janeiro, pela continuação da sua existência. Os dias que atravessamos são madrastos e sem complacência. A competição é enorme e só os números das vendas contam. Mas o «O Primeiro de Janeiro» vai continuar, estou convencido disso, cada vez mais forte, a caminho de se tornar de novo, um dia, uma referência no panorama jornalistico Português.
Ainda vamos voltar a ouvir pelas ruas do Porto o pregão: »Olhó Janeeeiiirooo».
Parabéns, Janeiro, pelos teus cento e quarenta e um anos.
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