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TEMPERATURAS ALTAS.
O calor aperta.
É já noite cerrada e os termómetros não descem dos trinta graus.
Quero dormir. A temperatura não deixa. Já bebi quase dois litros de água.
Estou doido de sono e o cansaço que me consome, não se deixa vencer nem convencer.
Isto assim não é o costume na minha latitude. Ás vezes acontece, mas não mais que uma vez no ano e por poucos dias, mas neste, já vamos na terceira vez, e ainda só estamos em Julho.
Estou farto. Já tomei dois banhos de água fresca e, nada. Tudo na mesma.
Como é que as pessoas que moram nas zonas onde é sempre assim, aguentam?
Preciso de uma banheira de água fria para mergulhar nela.
As janelas estão abertas, as ventoinhas ligadas, o ar condicionado portátil avariou. atira com ar morno para cima de mim.
Vim agora de tomar o terceiro banho. Não me seco. Todo molhadinho coloco-me em frente da ventoinha. Consigo arrefecer um pouco. Já vou no terceiro litro de água, duas colas e um sumo, gelados.
Sinto-me asfixiar. A respiração pesada seca-me a garganta. Bebo mais. A bebida já me sabe mal e enjoa-me.
Não me lembro de uma noite assim.
Lá fora, nem os cães e os gatos da vizinhança se ouvem. Devem estar todos esparramados com o calor. Os vadios nem devem ter onde beber, coitados.
O Manel, figura típica d'aqui da rua e que acorda bêbado e assim se mantêm todo o santo dia, está sentado debaixo da ponte deixando a água do fontanário jorrar sobre si, parecendo sóbrio.
Passa um carro de quando em vez pela rua acima. Nu, à janela, consigo ver os condutores com aspecto de muito cansados. O senhor doutor advogado, meu ilustre vizinho, chega no seu automóvel. Vidros fechados, ar condicionado ligado, não parece sentir o calor. Entra na garagem e desaparece. Tal como eu, vai sofrer, quando sair do carro e encontrar este bafo quente e quase sem vento.
Estou casa vez mais cansado, e o sono que sinto não vence a caloraça. Olho o relógio, já é tarde. se chegar a adormecer, pouco tempo terei para dormir. Levanto-me todos os dias antes das sete da manhã. Olho o termómetro, marca trinta e dois, e até parece que está húmido de mais. O calor pega-se-me ao corpo. Estou pegajoso. Vou-me molhar outra vez.
De novo nu, molhado, em frente à ventoinha. Huuummmm, que booooom! Arrefeço bastante. Ainda molhado deito-me na cama, ventoinha na minha direcção.
Talvez que adormeça.
Sem dar por isso, acordo ao som do despertador. Sete menos um quarto. Trinta graus e um céu limpo. Vai começar tudo de novo.
Estou cansado e farto, porra!
Nunca mais é inverno!
Boa noite,
ResponderEliminaro calor está de facto insuportável, não nos deixa, trabalhar, dormir e nem sequer pensar.
Beijinhos,
Ana Martins
Ave Sem Asas