sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

NÃO FUI EU QUE PROPUZ? SOU CONTRA!

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TODOS CONTRA TODOS
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Ao longo dos dias, das semanas e dos meses, variadíssimas pessoas do governo, da oposição, das sociedades civis, anónimos cidadãos e outros menos anónimos, foram fazendo propostas para que eventualmente se melhore este ou aquele aspecto da nossa vida. 
Por cada um que o faça, milhares de outros se manifestam contra.
Por cada medida que se implemente, milhares de pessoas, agrupadas ou sozinhas, dizem que não concordam, que é uma estupidez, que tudo vai ficar pior, que não pode ser feito assim, e as mais diversas opiniões e conselhos e exigências e ameaças são feitas por causa disso.
Por cada medida que se anuncie, uma greve é proposta. Por cada greve que se efective no actual estado económico do País, o País empobrece.
Veio o Acordo Ortográfico, meio País está contra o outro meio. Veio o acordo com a Troyca, meio País está contra o País todo. Não há dinheiro, todo o País está contra tudo e contra todos. Propuseram-se regiões, ninguém se entende. Aparece mais um buraco financeiro, todos apontam o dedo mas ninguém faz nada. O governo é rosa, a laranja e todos os outros estão contra, o governo é laranja, a rosa está contra em coro com os restantes. Muda-se o ensino, está mal, muda-se a saúde, está mal, tenta-se mudar a justiça, está mal, muda-se ou tenta mudar-se seja o que for, está mal, mas antes não estava bem e quem diz que não concorda com as mudanças não sabe propor outra coisa, e se souber, está mal. Todos ralham e se calhar ninguém tem razão.
Somos um País de rezingões, detestamos tudo o que não tenhamos sido nós a fazer ou a propor ou simplesmente a lembrar-nos. Detestamos tudo, inclusivamente detestar.
Sabendo que vivemos até há bem pouco tempo sem rumo, sem rei e sem roque, os mandantes deste nosso País, desde o chefe máximo do pessoal mínimo ao chefe do pessoal máximo, tudo têm feito para serem eles mesmos os reizinhos que nos irão levar a porto seguro, desde, claro, que os deixemos continuar sentados nas suas cadeiras do poder político, na maior parte das vezes bem remunerados, a mandar e a incendiar com palavras ou com actos o povo que os segue.
À laia de exemplo sobre o que disse, ontem o governo anunciou medidas para incrementar o emprego. Serão boas, serão más, serão assim assim? São pelo menos medidas para tentar resolver ou atenuar a crise em que vivemos. De imediato, uma central sindical, que com ela leva muitos cidadãos, e o partido que a apoia, vieram a terreiro dizer que assim não pode ser, que não é assim que se faz, que é tudo uma burrice e uma palhaçada, só não marcando imediatamente uma greve porque, por motivos de agenda e de afirmação do seu novo chefe (da central), já tinha sido marcada uma "geral" para o mês que vem.
Este meu País cansa-me!
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