segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

COMO SE FORA UM CONTO - BRRR, QUE FRIO!

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QUE DRAMA, ESTÁ FRIO!

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Brrrrr … Que frio!

Mais um drama se abateu sobre os cidadãos portugueses. Já não bastava a recessão que teima em não acabar, veio agora o frio.

Nestes dias, a temperatura desceu muito. Os termómetros marcam valores abaixo de zero em quase todos os locais do país, e parece que vai continuar assim mais algum tempo.

Portugal tirita de frio.

As rádios e as televisões desdobram-se em reportagens e entrevistas com os habitantes de Bragança, de Chaves, da Guarda ou da Covilhã. Vão à procura de saber como se sobrevive a tamanha calamidade. Em todo o lado as respostas são as mesmas. Não há grandes variações. – olhe menina, pomos mais uma camisola, acendemos a lareira e já está. De manhã vamos à janela e se está mais fresquito, agasalhámo-nos melhorzinho. A vida é assim, sabe?!

Não é propriamente isso que os repórteres procuram. Então e as dificuldades, então e as tristezas, então e a falta das notícias dos nossos protectores, lá nas aldeias perdidas do interior? Como sabem o que fazer? Não sentem falta de apoio da governação? De quem é a culpa deste estado de coisas?

Na realidade pensam (?) as cabeças pensantes deste nosso país, que nunca houve frio, nunca as temperaturas descendam a valores negativos, e que ninguém sabe cuidar de si. Para tal, arranjaram uma instituição que nos ensina, avisa e protege, a ANPC (Autoridade Nacional de Protecção Civil).

Esta autoridade, tem por principal desígnio chamar-nos de parvos, tolos e ignorantes. Inventaram umas cores e lá nos vão chapando com elas de cada vez que acham que nós não somos capazes de pensar no que fazer. Ensinam-nos que quando está frio nos temos que agasalhar, quando chove e venta temos que usar guarda-chuva e abrigarmo-nos, quando o mar está alterado devemos ter cuidado e não ir-mos para o mar para pescar ou recrear, e até mesmo, que se estiver gelo na estrada devemos andar com cuidado e mais devagar. Isto no inverno, que no verão é a mesma coisa, mas com o calor. Para além de muitas outras coisas de algum valor e utilidade. E, para que não nos esqueçamos que ela existe, lá vão diariamente fazendo comunicados em cima de comunicados, dando cores amarela, laranja, azul e vermelha, às diversas situações que se vão apresentando.

Sim, eu sei que esta organização foi criada para ensinar os habitantes das cidades grandes do litoral, onde vivem a maior parte dos ignorantes nestas coisas do frio, do calor e dos ventos, mas, não poderia a Autoridade fazer o seu trabalho em sossego, e em silêncio, trabalho esse que até pode ser muito importante, e deixar-se de tanto barulho e propaganda?

Não sei se por sugestão desta Autoridade, a partir do ano que passou, as casas novas para além da licença de habitabilidade, têm também de ter um certificado de desempenho energético de edifícios e qualidade do ar interior, para que se tenha a certeza que o calorzinho dos aquecedores e lareiras não se vai pelas frinchas das janelas e portas, e que o ar que respiramos é sempre da melhor qualidade. Sem ele, o certificado, não se pode habitar nesses edifícios. Até que nem é mal pensado. A Autoridade tem razão.

Que seria de nós, pobres desgraçados, sem a ANPC e todas estas protecções?

É que agora, este ano, este mês, está mesmo um frio de rachar.


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JFM
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(In O Primeiro de Janeiro, 11-01-2010)

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1 comentário:

  1. Caros amigos
    Infelizmente não é apenas a ANPC que julga que somos parvos.
    É toda esta estrutura política que nos envergonha e incomóda.
    Vendo bem, se calhar até estamos a ser parvos.
    Escrevemos hoje
    O CHEQUE EM BRANCO
    É verdade.
    Aquilo que estamos a fazer há demasiados anos é entregar a uns "senhores" que pretensamente gerem o País, uma autorização assinada em branco para fazerem o que lhes apetece com o património e os recursos do Estado.
    Gastam o que querem e com quem querem.
    Pagam-se como entendem e da forma que escolhem.
    Seleccionam os amigos e dão-lhes as colocações adequadas.
    Endividam o País com realizações duvidosas.
    Utilizam os Fundos Europeus sem controlo nem justificação.
    Fazem desaparecer esses fundos sem preocupação ou responsabilidades.
    Abrem e fecham contas bancárias como entendem e querem.
    Geram-nos responsabilidades sem sabermos a origem nem os montantes.
    Em suma.
    Diariamente somos roubados e nem sequer gritamos, agarra "que é ladrão"!
    Nem sequer esboçamos um movimento de revolta.
    Nem sequer vimos para a rua contestar abertamente este estado de coisas.
    Nem sequer percebemos que é o nosso património que tem estado a ser delapidado.
    Nem sequer damos conta que aquilo que se vai fazendo e inaugurando não é obra destes senhores. É dos nossos filhos e netos que depois as terão de pagar.
    Nem sequer pensamos que muitas das realizações em curso como por exemplo as chamadas "novas oportunidades", mais não são que folclore político sem qualquer utilidade prática para as novas gerações.
    Como já não o foram os milhões de contos vindos da UE destinados á formação profissional e enquadrados nos anteriores Q.C.
    Como também não é o Sistema de ensino em vigor.
    Aquilo que os nossos certificados em branco produziram foi o País mais atrasado da Europa, o Povo mais inculto e excluído, a sociedade mais desequilibrada e retrógrada.
    Ainda e para nossa vergonha, fomos nós que passámos as certidões que lhes permitiram forjar este ardiloso sistema político que seguramente apresentará em breve uns bons 5 milhões de pobres com a etiqueta de produzidos em Portugal.
    E os cheques em branco?
    Não é necessário pois as contas já nem sequer são nossas.
    Agora temos de nos começar a preocupar é com as facturas que vão começar a chegar.
    Essas é que já vão ser pagas com os nossos cheques!
    Isto é muito aborrecido, não é?

    É caso para perguntar
    Estamos ou não a ser parvos?

    Um abraço

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