sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A linha do TUA

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QUEREM ACABAR COM A MAIS BELA LINHA DO MUNDO


Nos mais conceituados livros de turismo do mundo, a linha férrea do vale do Tua, é considerada como a que tem a mais bela paisagem de todas as existentes.
Não está situada perto da capital portuguesa, nem na sua linha de influência directa, e assim, foi deixada ao seu destino: - Chegar a ser a mais bela que existiu!
Estivesse ela em Santarém, Lisboa ou Sintra, e todos os que dizem que mandam, ou querem mandar, teriam já resolvido o problema da linha.
E qual é ele afinal?
Consolidação de um ponto ou outro das escarpas, sinal de rede de telemóvel e rádio em toda a extensão da linha, e pouco mais, pois que mais de uma vez a linha foi considerada segura pelos responsáveis e por técnicos credenciados.
Durante 120 anos, a linha não apresentou problemas de maior, e não houve acidentes a registar. Quando foi necessária a manutenção, lá se foi fazendo, com mais ou menos dificuldade. Depois, um dia aconteceu um acidente, grave, com o lamentar de mortes. Demorou muito tempo até ser reactivada a linha. E mais um e mais outro, e ainda outro, tendo este acontecido há dias com mais uma morte a lastimar. Este último pouco depois da máquina ter sido revista, o que pressupõe o seu bom estado. De cada vez que um acidente acontecia lá iam aparecendo as vozes da desgraça a pedir o encerramento definitivo da linha. Desta vez até o Ministro das Obras Públicas se foi encarregando de admitir a definitiva morte da linha.
De todas estas vezes, muito poucas foram as vozes que se levantaram para defender a continuação deste percurso. Não me lembro até de ter sentido, da parte dos autarcas da região afectada, tanto os locais como os da grande região norte, uma pressão forte sobre o governo, no sentido de resolver o problema, de maneira a passar pela manutenção da linha.
Mas voltemos um pouco atrás. Se calhar não tem nada a ver, mas…
Quando foi que se começou a falar na construção da barragem no Tua, e na sequente inundação da linha por força da cota a que queriam que a água chegasse?
Quando se começou a contestar a sua construção, a inundação da linha e a elevada cota do enchimento da albufeira?
A quem interessa ou a quem dói, a construção ou não da barragem?
Quantos deixam de enriquecer se ela não for construída?
Quem e quantos não aceitam a sua não construção?
Haverá nestas questões alguma causa/efeito? E se houver, encontraremos algum dia os seus responsáveis?
É que já morreram pessoas nesta coisa dos acidentes estranhos da linha férrea do Tua, e parece até que neste último ninguém encontra razões para tal ter acontecido.
Quatro acidentes em ano e meio, depois de cento e vinte anos sem haver um que fosse, é muito estranho, e eu não acredito em coincidências dessas.



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JM



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(Publicado no jornal "O Primeiro de Janeiro" - Opinião - em 3 de Setembro de 2008)
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