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A Senhora Doutora e os Aviões
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A Srª Drª Manuela falou!
Já não era sem tempo, que o silêncio, quando prolongado, cansa e ensurdece.
A estratégia atingiu os objectivos. O país esteve suspenso das palavras que iria ouvir!
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A Srª Drª Manuela falou!
Já não era sem tempo, que o silêncio, quando prolongado, cansa e ensurdece.
A estratégia atingiu os objectivos. O país esteve suspenso das palavras que iria ouvir!
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A montanha ia parir no dia sete.
Tudo convergia para que eu, à hora de almoço, sentado no sofá da sala, ouvisse atentamente o que a Srª Drª nos iria dizer. Ia ser uma lição de mestre, um tratado político, um arrasar de tudo o que se conhecia até então.
O fim de semana aproximava-se. A “presidenta” ia falar no domingo, na mesma altura em que eu estivesse a comer calmamente a carne assada, mesmo que em cima dos joelhos, sentado no meu sofá. Mas não, ia ser mesmo à mesa. Para tanto coloquei a televisão em posição estratégica, sem possibilidade de reflexos de luz, na esperança de uma transmissão em directo, avisei o pessoal lá de casa que queria silêncio absoluto e, cheio de à-vontade, lá fui.
Tudo preparado. A mesa posta, os moletes, a garrafa de vinho (tinto e do Douro, claro), e a travessa do assado, fumegante. Um cheirinho maravilhoso.
Enquanto esperava, lá fui fazendo “zapping”. Um a um, os canais televisivos vão desfilando ante os meus olhos. Paro por momentos no canal 3. Ia começar dali a nada, uma qualquer corridita de aviões. Fiquei para ver, enquanto a Srª não falava.
Gente aos molhos nas margens do rio.
Aviões iam e vinham em animadas reviravoltas. As pessoas deliravam e eu começava a ficar entusiasmado.
Fui vendo entre a assistência, muitos notáveis políticos da “cor” da Srª Drª, que como eu, estavam à espera do discurso longamente prometido, e enquanto isso, lá iam vendo a F1 dos ares.
Fiquei mais descansado. Podia estar a ver sem me preocupar muito em mudar repetidamente de canal. Enquanto eles ali estivessem, nada ia acontecer. Mais do que ninguém, eles quereriam ouvi-la em primeira mão.
E foi fantástico, o espectáculo, as corridas, vertiginosas, os pilotos, separados nos “tempos” por milésimos. Um a um, os doze ases foram fazendo a sua aparição. Pelos “tempos tirados nos treinos”, primeiro os últimos quatro, depois os primeiros oito. Mais tarde, e depois de contabilizados os “tempos” que agora faziam, os melhores, dois a dois, até à final dos dois primeiros. Fabuloso, o espectáculo.
Mesmo assim, e porque estava a demorar um bocadinho, lá ia estando com uma atenção redobrada, aos eminentes políticos que, nas tribunas de honra, tal como eu em casa, iam vendo os aviões, enquanto esperavam. A Drª Manuela, estava de certeza atrasada, pois os seus pares lá estavam calmamente à espera.
Aos poucos lá fui vendo a evolução maravilhosa da corrida. E também tive um bocadito de tempo, entre corridas, para saber da vitória do Hamilton na F1 dos carros, que, percebi mais tarde, foi sol de pouca dura.
E por falar em sol, o dia estava lindo, com um calor maravilhoso, sem uma nuvem, depois de dois dias antes ter-mos tido chuva invernal.
E lá veio a final dos aviões. Que suspense! O piloto austríaco levou a melhor, com um tempo de bradar aos céus. O delírio, para os mais de 650 mil espectadores que estavam nas margens. Depois a distribuição de prémios, com todos os nove pilotos que não ficaram no pódio, a festejar a victoria dos três primeiros. Coisa que não me lembro de ver em qualquer outro desporto.
E os políticos da “cor” da Srª Drª Manuela, e outros de outras cores, lá se mantinham a ver a distribuição dos prémios.
Que bom, pensei, os trabalhos da Universidade de Verão, estavam muito atrasados. Felizmente tinha dado tempo para ver as corridas da F1 dos ares e de saber os resultados da F1 dos carros.
Calmamente fui à procura do canal que iria transmitir o discurso da Srª em directo. Já não deveria faltar muito. Procurei e… nada! Nada de nada em nenhuma estação. Que esquisito…!
A montanha ia parir no dia sete.
Tudo convergia para que eu, à hora de almoço, sentado no sofá da sala, ouvisse atentamente o que a Srª Drª nos iria dizer. Ia ser uma lição de mestre, um tratado político, um arrasar de tudo o que se conhecia até então.
O fim de semana aproximava-se. A “presidenta” ia falar no domingo, na mesma altura em que eu estivesse a comer calmamente a carne assada, mesmo que em cima dos joelhos, sentado no meu sofá. Mas não, ia ser mesmo à mesa. Para tanto coloquei a televisão em posição estratégica, sem possibilidade de reflexos de luz, na esperança de uma transmissão em directo, avisei o pessoal lá de casa que queria silêncio absoluto e, cheio de à-vontade, lá fui.
Tudo preparado. A mesa posta, os moletes, a garrafa de vinho (tinto e do Douro, claro), e a travessa do assado, fumegante. Um cheirinho maravilhoso.
Enquanto esperava, lá fui fazendo “zapping”. Um a um, os canais televisivos vão desfilando ante os meus olhos. Paro por momentos no canal 3. Ia começar dali a nada, uma qualquer corridita de aviões. Fiquei para ver, enquanto a Srª não falava.
Gente aos molhos nas margens do rio.
Aviões iam e vinham em animadas reviravoltas. As pessoas deliravam e eu começava a ficar entusiasmado.
Fui vendo entre a assistência, muitos notáveis políticos da “cor” da Srª Drª, que como eu, estavam à espera do discurso longamente prometido, e enquanto isso, lá iam vendo a F1 dos ares.
Fiquei mais descansado. Podia estar a ver sem me preocupar muito em mudar repetidamente de canal. Enquanto eles ali estivessem, nada ia acontecer. Mais do que ninguém, eles quereriam ouvi-la em primeira mão.
E foi fantástico, o espectáculo, as corridas, vertiginosas, os pilotos, separados nos “tempos” por milésimos. Um a um, os doze ases foram fazendo a sua aparição. Pelos “tempos tirados nos treinos”, primeiro os últimos quatro, depois os primeiros oito. Mais tarde, e depois de contabilizados os “tempos” que agora faziam, os melhores, dois a dois, até à final dos dois primeiros. Fabuloso, o espectáculo.
Mesmo assim, e porque estava a demorar um bocadinho, lá ia estando com uma atenção redobrada, aos eminentes políticos que, nas tribunas de honra, tal como eu em casa, iam vendo os aviões, enquanto esperavam. A Drª Manuela, estava de certeza atrasada, pois os seus pares lá estavam calmamente à espera.
Aos poucos lá fui vendo a evolução maravilhosa da corrida. E também tive um bocadito de tempo, entre corridas, para saber da vitória do Hamilton na F1 dos carros, que, percebi mais tarde, foi sol de pouca dura.
E por falar em sol, o dia estava lindo, com um calor maravilhoso, sem uma nuvem, depois de dois dias antes ter-mos tido chuva invernal.
E lá veio a final dos aviões. Que suspense! O piloto austríaco levou a melhor, com um tempo de bradar aos céus. O delírio, para os mais de 650 mil espectadores que estavam nas margens. Depois a distribuição de prémios, com todos os nove pilotos que não ficaram no pódio, a festejar a victoria dos três primeiros. Coisa que não me lembro de ver em qualquer outro desporto.
E os políticos da “cor” da Srª Drª Manuela, e outros de outras cores, lá se mantinham a ver a distribuição dos prémios.
Que bom, pensei, os trabalhos da Universidade de Verão, estavam muito atrasados. Felizmente tinha dado tempo para ver as corridas da F1 dos ares e de saber os resultados da F1 dos carros.
Calmamente fui à procura do canal que iria transmitir o discurso da Srª em directo. Já não deveria faltar muito. Procurei e… nada! Nada de nada em nenhuma estação. Que esquisito…!
De repente, num qualquer canal, cujo nome já não recordo, uma resenha do discurso… (?) Então a senhora já tinha falado?
Atentamente ouvi, mas de novo…. nada! O tal canal, não deveria gostar mesmo nada da Srª, pois só passou coisas sem interesse, clichés mais do que conhecidos e muitas banalidades.
Mudei de estação. Noutro canal voltei a ouvir outra resenha e… a mesma coisa… nada!
Atentamente ouvi, mas de novo…. nada! O tal canal, não deveria gostar mesmo nada da Srª, pois só passou coisas sem interesse, clichés mais do que conhecidos e muitas banalidades.
Mudei de estação. Noutro canal voltei a ouvir outra resenha e… a mesma coisa… nada!
Mau!!! Então foi isto que a “presidenta” disse? Só isto? Nada de novo?
A senhora até que falou bonito, sem gaguejar por aí além, falou certo, o que disse é verdade, embora tenha esquecido as suas próprias responsabilidades e as do seu partido, no início destes acontecimentos, foi dura a crítica em relação à política medíocre do governo, mas….
Tão pouco para tanto silêncio! ´
A senhora até que falou bonito, sem gaguejar por aí além, falou certo, o que disse é verdade, embora tenha esquecido as suas próprias responsabilidades e as do seu partido, no início destes acontecimentos, foi dura a crítica em relação à política medíocre do governo, mas….
Tão pouco para tanto silêncio! ´
A expectativa era enorme e saiu frustrada.
Tudo ia mudar depois da hora do discurso, mas na realidade tudo ficou mais na mesma.
O silêncio é de ouro, eu sei, mas a ser assim, será que não se poderia ter prolongado mais um pouquinho, para vir a falar mais um bocadito, e quem sabe melhor, mais tarde?
JM
Tudo ia mudar depois da hora do discurso, mas na realidade tudo ficou mais na mesma.
O silêncio é de ouro, eu sei, mas a ser assim, será que não se poderia ter prolongado mais um pouquinho, para vir a falar mais um bocadito, e quem sabe melhor, mais tarde?
JM
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(Publicado no jornal "O Primeiro de Janeiro - Opinião em 16 de Setembro de 2008)
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