PREC DE SEGUNDA GERAÇÃO
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Segundo as últimas notícias, voltamos ao tempo do PREC:
- Os ricos que paguem a crise!
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Eu gostava de saber identificar os ricos. O nosso Primeiro, sabe!
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Os pobres, eu sei identificar, quer-se dizer, mais ou menos!
Vejo-os pelas roupas de feira, vejo-os pelos perfumes baratos, vejo-os pela maneira de falar, vejo-os pelas mãos de trabalho não arranjadas, vejo-os pelos filhos ranhosos, vejo-os pelas bichas de autocarro, ou pelas esperas dos hospitais ou dos Centros de Saúde, vejo-os nas aldeias abandonadas e desertas ou em bairros sociais, e mais ainda num rosário de situações.
Quanto aos ricos, vejo-os pelas roupas iguais às roupas de feira, vejo-os pelos perfumes caros (que só identifico porque não me magoam a pituitária), vejo-os pela maneira fina de falar, vejo-os pelas mãos arranjadas, pelos filhos bonitos e bem vestidos, vejo-os pelas bichas de trânsito em bons carros, e nas esperas de consultórios médicos ou pela entrada pela porta do cavalo nos hospitais, vejo-os em casas boas na cidade ou na aldeia ou no meio de um grande cercado num monte, e mais, num rosário de situações.
Mas depois, há para aí umas coisitas que me confundem.
Os pobres que eu vejo, também têm carros bons, e casas boas, que compraram a prestações ao banco, também têm roupas de marca que compraram contrafeitas na feira ou na loja do centro comercial à custa do cartão de crédito, também falam mais ou menos polidamente, também arranjam as mãos por terem trabalho de secretária, também vestem bem os filhos, também vão a médicos particulares por terem seguros de saúde, e mais num rosário de situações.
Quanto aos ricos, também compram casas e carros a prestações ou em leasing, também usam os transportes públicos, também compram com cartão de crédito, também dizem asneiradas e falam pouco polidamente, também têm seguros de saúde, e mais, num também rosário de situações.
Por aqui, fico baralhado, pois eles confundem-se, misturam-se e são feitos da mesma massa.
Depois há pobres que ganham milhares de euros ilicitamente e não o sabem gastar, e ricos que tudo o que ganham é para as despesas de saber viver razoavelmente bem. Há pobres com bons carros novos e ricos com maus carros velhos.
Como descobrir então os ricos dos pobres? Pelo que declaram? Há pobres a ganhar muito mais sem declarar que ricos que tudo declaram. Há ricos que declaram como pobres e pobres que pelo que declaram quase parecem ricos.
Hoje já não há classe média. Só pobres e ricos. E muita riqueza e muita pobreza escondidas.
Se os ricos (famílias, claro) são os que declaram mais de 50 000 euros anuais, bem, são para aí uns 250 000. Se forem os que declaram mais de 60 000 euros, não devem ser mais de 40 000, se forem tantos! Se calhar só estes é que podem ser declarados ricos!
Então, se a estes ricos tirarmos todas as deduções a que têm direito, se calhar o governo poupará talvez pouco mais de 3o milhões de euros, que a dividir pelos outros 4 milhões de famílias, não dá muito a cada uma.
Assim não dá, temos de alargar o conceito de ricos.
Vamos para os 250 000, assim como assim, já ganham muito dinheiro. Mas não se pode acabar com todos os benefícios fiscais, só alguns. Por exemplo despesas com a casa e com a educação. Assim fica tudo na mesma, a poupança do governo ficará também em pouco mais de 30 milhões de euros.
Que fazer então? Acabar com mais benefícios ou mesmo com todos, ou alargar o conceito de rico?
Parece-me que só com a visão do governo liderado pelo sr Sócrates, que não tem dúvidas sobre o que é ser-se um rico, há possibilidade de a maioria das famílias Portuguesas que ganham pouco, ganharem alguma coisa que se veja, com a ajuda forçada dos chamados ricos, que ganham muito.
De outra forma ninguém lá vai!
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Quem me dera ser como o nosso Primeiro, e saber tudo, ou pelo menos, saber destas coisas.
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(In O Primeiro de Janeiro, 17-02-2009)
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JM
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Vejo-os pelas roupas de feira, vejo-os pelos perfumes baratos, vejo-os pela maneira de falar, vejo-os pelas mãos de trabalho não arranjadas, vejo-os pelos filhos ranhosos, vejo-os pelas bichas de autocarro, ou pelas esperas dos hospitais ou dos Centros de Saúde, vejo-os nas aldeias abandonadas e desertas ou em bairros sociais, e mais ainda num rosário de situações.
Quanto aos ricos, vejo-os pelas roupas iguais às roupas de feira, vejo-os pelos perfumes caros (que só identifico porque não me magoam a pituitária), vejo-os pela maneira fina de falar, vejo-os pelas mãos arranjadas, pelos filhos bonitos e bem vestidos, vejo-os pelas bichas de trânsito em bons carros, e nas esperas de consultórios médicos ou pela entrada pela porta do cavalo nos hospitais, vejo-os em casas boas na cidade ou na aldeia ou no meio de um grande cercado num monte, e mais, num rosário de situações.
Mas depois, há para aí umas coisitas que me confundem.
Os pobres que eu vejo, também têm carros bons, e casas boas, que compraram a prestações ao banco, também têm roupas de marca que compraram contrafeitas na feira ou na loja do centro comercial à custa do cartão de crédito, também falam mais ou menos polidamente, também arranjam as mãos por terem trabalho de secretária, também vestem bem os filhos, também vão a médicos particulares por terem seguros de saúde, e mais num rosário de situações.
Quanto aos ricos, também compram casas e carros a prestações ou em leasing, também usam os transportes públicos, também compram com cartão de crédito, também dizem asneiradas e falam pouco polidamente, também têm seguros de saúde, e mais, num também rosário de situações.
Por aqui, fico baralhado, pois eles confundem-se, misturam-se e são feitos da mesma massa.
Depois há pobres que ganham milhares de euros ilicitamente e não o sabem gastar, e ricos que tudo o que ganham é para as despesas de saber viver razoavelmente bem. Há pobres com bons carros novos e ricos com maus carros velhos.
Como descobrir então os ricos dos pobres? Pelo que declaram? Há pobres a ganhar muito mais sem declarar que ricos que tudo declaram. Há ricos que declaram como pobres e pobres que pelo que declaram quase parecem ricos.
Hoje já não há classe média. Só pobres e ricos. E muita riqueza e muita pobreza escondidas.
Se os ricos (famílias, claro) são os que declaram mais de 50 000 euros anuais, bem, são para aí uns 250 000. Se forem os que declaram mais de 60 000 euros, não devem ser mais de 40 000, se forem tantos! Se calhar só estes é que podem ser declarados ricos!
Então, se a estes ricos tirarmos todas as deduções a que têm direito, se calhar o governo poupará talvez pouco mais de 3o milhões de euros, que a dividir pelos outros 4 milhões de famílias, não dá muito a cada uma.
Assim não dá, temos de alargar o conceito de ricos.
Vamos para os 250 000, assim como assim, já ganham muito dinheiro. Mas não se pode acabar com todos os benefícios fiscais, só alguns. Por exemplo despesas com a casa e com a educação. Assim fica tudo na mesma, a poupança do governo ficará também em pouco mais de 30 milhões de euros.
Que fazer então? Acabar com mais benefícios ou mesmo com todos, ou alargar o conceito de rico?
Parece-me que só com a visão do governo liderado pelo sr Sócrates, que não tem dúvidas sobre o que é ser-se um rico, há possibilidade de a maioria das famílias Portuguesas que ganham pouco, ganharem alguma coisa que se veja, com a ajuda forçada dos chamados ricos, que ganham muito.
De outra forma ninguém lá vai!
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Quem me dera ser como o nosso Primeiro, e saber tudo, ou pelo menos, saber destas coisas.
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(In O Primeiro de Janeiro, 17-02-2009)
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JM
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Não seria correcto colocar uma classe social a pagar a crise, mas acho que deveria ser cortado o acesso a certas deduções, a partir de um determinado escalão de ganhos. Da mesma maneira, também acho que se deveria apostar na fiscalização dos beneficiários de subsidio de desemprego, já que existe muito boa gente a beneficiar do mesmo enquanto trabalha sem fazer descontos.
ResponderEliminarÉ necessário criar um sistema de fiscalização justo e eficiente, para evitar que tanto ricos como pobres, fujam às suas obrigações, para que não pague justo por pecador.
Um abraço.
Na minha modeta opinão, isto vai acabar com uma solução encontada pelo Estado novo para os chamados "indígenas": o imposto de existência, baseado no nobre princípio "nasces, logo pagas". Quando o senhor Pinto de Sousa tiver chegado ao pico mais altoi da sua obra, isto é, quando tiver acabado com os ricos, e formos todos, finalmente, pobres, então, ó coroa de glória do socialismo!, será lançado o imposto igualitário, segundo o critério da existência: todos pagam um tanto, porque o estado lhes dá o supremo direito de andar por cá. Quem não pagar, não merecerá estar vivo.
ResponderEliminarÉ, ou não, uma solução "niveladora", "justa", "redistribuidora", ou seja, verdadeiramente socialista?