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MUDARAM DE IDEIAS
Desloco-me quase diariamente, pelas estradas do meu distrito (Porto), muitas das vezes só pelo prazer de passear. Tenho esse privilégio.
Nesses meus passeios, acontece ter de passar pelas auto-estradas e vias rápidas da zona. De longe a longe, lá se viam, nos últimos tempos, um ou outro pórtico novo, que ninguém me sabia dizer ao certo para que iria servir.
Vou muitas vezes à cidade da Maia.
Antes das eleições, vi por lá cartazes, grandes, a informar os munícipes, que a Câmara da Maia, e evidentemente o seu Presidente e de novo candidato, eram contra o pagamento de portagens nas "scuts" da área. Ninguém, em seu prefeito juízo, aceita de bom grado, esse pagamento, até porque se sabe da falta de alternativas a essas estradas de circulação rápida.
Depois, e durante as campanhas eleitorais, para as Europeias, para as Legislativas e para as Autarquias, vi por lá, em substituição dos cartazes de que falei, as caras dos candidatos e os símbolos dos partidos que os apoiavam.
Até aqui, tudo normal, penso eu.
Dia de eleições, Domingo, os que votaram foram votar e os outros também não.
Na segunda-feira imediata, coisas estranhas aconteceram. Como se fossem cogumelos, os pórticos multiplicaram-se.
Numa azáfama incrível, dezenas de operários estavam a trabalhar para pôr em pé dezenas de coisas dessas espalhadas pelas "scuts" da zona. Depressa se verificou, e se soube, que iriam servir para o pagamento, via chip a colocar nos automóveis, de portagens. Afinal, tinham sido anunciados por Sócrates I, o Arrogante, e agora, eleições ganhas, ainda com o governo antigo em gestão, mandadas colocar por Sócrates II, o Dialogador.
Estranhei o silêncio dos políticos ganhadores da minha região. Antes das eleições ninguém se mexia, ninguém falava no assunto, mas até seria normal já que estávamos em época eleitoral e poderia ser que as promessas de o Arrogante, acabassem por caír em saco roto no caso de não vencerem os da côr dele. Mas, afinal, no dia a seguir aos votos, tudo em pé de trabalho. A fazer muito depressa o que todos contestam.
Bem, todos não, que a Câmara da Maia, agora que os mesmos venceram, esqueceu-se de voltar a colocar os cartazes antigos a dizer que eram contra o pagamento de portagens na "scuts", deixando cair essa sua bandeira. Será que agora já não interessa captar as simpatias dos munícipes? Afinal já está tudo ganho, para quê qualquer preocupação?
E não esqueço também as outras Câmaras da área Metropolitana do Porto. Não me estou a lembrar de nenhum Presidente de Câmara que esteja, agora e em vista da montagem em tempo record dos “coisos” que vão fazer a leitura dos “chips”, a contestar o pagamento de portagens nestas chamadas “estradas sem custos para o utilizador”, muito embora haja quem diga que Bragança Fernandes se está de novo a movimentar nesse sentido. Sozinho e sem apoios dos seus pares.
Os pórticos, já estão todos instalados. Todas as auto-estradas da zona estão minadas com eles. A28, A29, A41, A25 e por aí fora, têm já tudo a postos. E aquelas coisas cheias de câmaras de filmar ou de fotografar ou seja do que for, até assusta quem por lá passa.
Com o início do pagamento de portagens, as estradas antigas vão encher-se de carros. Os engarrafamentos vão ser uma constante. O País, nestas zonas vai tender a parar.
É um simples e evidente ataque ao Norte, e à Area Metropolitana do Porto em particular. Se não vejamos:
-Porto - Aveiro PAGA!
-Porto - Espanha PAGA!
-Porto - Paços de Ferreira - Lousada - Felgueiras PAGA!
-Porto - Aeroporto PAGA!
Gostaria ainda de saber como se vai atravessar a ponte de Vila do Conde, por exemplo? Vamos ter "bicha" parada do Porto até à ponte. E depois até passar a Póvoa, como vai ser? Só por lá há uma estrada (que não passa de uma simples rua) com uma faixa para cada lado, cheia de tudo o que é comércio e indústria. Qual a alternativa que nos deixam? Quantas empresas, e quantos particulares vão deixar de ter possibilidades de subsistir?
Mas o governo é que sabe, e todos baixam as orelhas.
Ou não?
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(In O Primeiro de Janeiro, 27-10-2009)
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JFM
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Bem observado, todos fazem promessas mas poucos as cumprem. Tornou-se banal ser vigarista, aliás, quem o não for passa mesmo por palerma. Em Espanha apenas poucas auto-estradas têm portagens, pena não copiarmos o bom exemplo que vem do exterior e passamos o tempo a apostar nos erros que degradaram os países mais civilizados.
ResponderEliminarCumprimentos,