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NÃO PARECE OUVIR, NÃO PARECE VER, ESTÁ ALHEADO DA VIDA
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A doença alastra no meu País.
Ontem, embora enfermos, todos fomos chamados a votar.
Uns foram e outros não.
Não somos muitos, mas em cada cem de nós, só sessenta o foram fazer.
Cada um votou no partido que mais lhe conveio. Uns por convicção, outros por castigo, e outros ainda porque sempre o fizeram assim.
No fim, chegamos à conclusão de que a maior parte dos que foram votar, querem mais do mesmo.
Não lhes interessou o que sofreram durante os últimos quatro anos e meio. Ou se calhar nem notaram.
Não lhes interessou o que outros sofreram, ou nem deram por isso.
Não lhes interessou o que dizem que de mal foi feito, ou o que dizem que de mal vão fazer. Ou porventura entendem que não é verdade.
A única coisa com que se importaram, foi o retirar aos mandantes a possibilidade de fazerem tudo sem lhes perguntarem mais nada, e assim deram uma forçazita a alguns outros.
Mas também quiseram dizer mais uma coisa. Que não acreditam muito em senhoras muito bem educadas e finas, mas que não demonstram capacidade para liderar um País, nem em senhores, professores e tudo, que só querem destruir para mais tarde se elevarem do caos, ou nos outros que por aqui andam há tempo de mais a dizer mais do mesmo, contra tudo e contra todos. Antes, mal por mal, o mesmo dos últimos anos, com a possibilidade de um outro temperar o esquerdismo que lhes é inato.
Mas a ser assim, estamos todos doentes. Escolher o mal, embora conhecido, em vez de um mal desconhecido, é sensato, mas demonstra a incapacidade que temos de, de entre todos nós, encontrarmos alguém com real capacidade de nos levar para bom caminho. Que este que trilhamos nos últimos anos, não é bom, antes pelo contrário.
O País está doente, e não se projectam melhorias nos anos mais próximos. Alguns de nós temos azia, outros febres altas, e outros ainda doenças terminais. Nada que, no entretanto, umas pastilhinhas, únicos remédios a dar aos Portugueses no momento, não possam fazer efeito. Ah, e também umas grandes doses de paciência e esperança.
A nossa obrigação é dar, pelo menos durante um tempo razoável, o benefício da dúvida a este governo que agora aí vem, para verificarmos se, com uma maioria pequena, e tendo de arranjar muletas, recupera o caminho certo para Portugal. E depois, se o não fizer, não esperar pelo fim da legislatura para o despedir.
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(In O Primeiro de Janeiro, 29-09-2009)
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(Transcrito parcialmente com o título "Mais do mesmo" no JN de 30-09-2009)
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NÃO PARECE OUVIR, NÃO PARECE VER, ESTÁ ALHEADO DA VIDA
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A doença alastra no meu País.
Ontem, embora enfermos, todos fomos chamados a votar.
Uns foram e outros não.
Não somos muitos, mas em cada cem de nós, só sessenta o foram fazer.
Cada um votou no partido que mais lhe conveio. Uns por convicção, outros por castigo, e outros ainda porque sempre o fizeram assim.
No fim, chegamos à conclusão de que a maior parte dos que foram votar, querem mais do mesmo.
Não lhes interessou o que sofreram durante os últimos quatro anos e meio. Ou se calhar nem notaram.
Não lhes interessou o que outros sofreram, ou nem deram por isso.
Não lhes interessou o que dizem que de mal foi feito, ou o que dizem que de mal vão fazer. Ou porventura entendem que não é verdade.
A única coisa com que se importaram, foi o retirar aos mandantes a possibilidade de fazerem tudo sem lhes perguntarem mais nada, e assim deram uma forçazita a alguns outros.
Mas também quiseram dizer mais uma coisa. Que não acreditam muito em senhoras muito bem educadas e finas, mas que não demonstram capacidade para liderar um País, nem em senhores, professores e tudo, que só querem destruir para mais tarde se elevarem do caos, ou nos outros que por aqui andam há tempo de mais a dizer mais do mesmo, contra tudo e contra todos. Antes, mal por mal, o mesmo dos últimos anos, com a possibilidade de um outro temperar o esquerdismo que lhes é inato.
Mas a ser assim, estamos todos doentes. Escolher o mal, embora conhecido, em vez de um mal desconhecido, é sensato, mas demonstra a incapacidade que temos de, de entre todos nós, encontrarmos alguém com real capacidade de nos levar para bom caminho. Que este que trilhamos nos últimos anos, não é bom, antes pelo contrário.
O País está doente, e não se projectam melhorias nos anos mais próximos. Alguns de nós temos azia, outros febres altas, e outros ainda doenças terminais. Nada que, no entretanto, umas pastilhinhas, únicos remédios a dar aos Portugueses no momento, não possam fazer efeito. Ah, e também umas grandes doses de paciência e esperança.
A nossa obrigação é dar, pelo menos durante um tempo razoável, o benefício da dúvida a este governo que agora aí vem, para verificarmos se, com uma maioria pequena, e tendo de arranjar muletas, recupera o caminho certo para Portugal. E depois, se o não fizer, não esperar pelo fim da legislatura para o despedir.
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(In O Primeiro de Janeiro, 29-09-2009)
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(Transcrito parcialmente com o título "Mais do mesmo" no JN de 30-09-2009)
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JM
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